O papel da favela no caso de estupro coletivo

O estupro coletivo de uma menina de 16 anos na favela do Barão, no Rio de Janeiro, no mês passado, gerou protestos contra a cultura machista brasileira, mas também chamou a atenção para a ideia, compartilhada por muitos brasileiros, de que esse tipo de crime é um problema apenas nas favelas.

Em entrevista à revista americana America’s Quarterly, Theresa Williamson, fundadora da ONG Catalytic Communities, dedicada a melhorar a qualidade de vida dos moradores de favelas do Rio, defende que o problema não afeta apena essas comunidades mais pobres. Para ela, o estupro na Mangueira  é uma oportunidade para o Brasil encarar preconceitos enraizados por todo o país sobre a mulher brasileira e a vida nas favelas.

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Theresa cita estatísticas que apontam para a ocorrência de um estupro a cada 11 minutos no Brasil, dos quais apenas 35% são denunciados à polícia. “Este é um problema que reflete uma percepção generalizada da mulher como objeto, principalmente das negras”, diz, acrescentando que o crime poderia ter acontecido facilmente fora de uma favela.

“Estamos vivendo o legado da escravidão no Brasil. O Rio foi o maior porto para a chegada de escravos da história mundial. A cidade recebeu de quatro a cinco vezes mais escravos do que os Estados Unidos inteiro. Estamos vivendo há 130 anos da abolição e as favelas começaram dez anos depois como uma consequência direta da necessidade de moradia das pessoas”, diz.

Ela lamenta o descaso do poder público com as favelas e atribui a violência nessas regiões à falta de investimentos. “As taxas de criminalidade são mais altas não porque as favelas são lugares inerentemente mais perigosos, mas porque são marginalizadas. A lógica escravagista se perpetua. Elas se tornaram alvos de criminosos. A maioria dos moradores é refém disso”.

A ativista vê muitas qualidades nas favelas, como sua arquitetura, que permite uma atividade comercial robusta através do uso de um mesmo espaço para diversos fins. Suas estruturas baixas e a alta densidade populacional as transformam em ambientes extremamente sociais. Embora sejam comunidades “autônomas”, mantidas na informalidade, Theresa acredita que elas podem se tornar modelos de planejamento urbano. Ela destaca que são bairros orientados para o pedestre e que as crianças podem circular livremente porque todos se conhecem.

“As favelas melhoraram dramaticamente na última década. Cerca de 65% dos moradores são de classe média, comparado a 37% em 2001. Há um sentimento de orgulho entre os moradores e muitos  não querem sair mesmo se melhorassem de vida”.


Durante o inverno, muitas pessoas e famílias sofrem com o frio sem ter como se aquecer.  A população de rua geralmente é a mais afetada pela mudança climática das cidades. Em São Paulo, já foram notificada cinco mortes por hipotermia. Fatos como esses causam tristeza e preocupação.

Em resposta ao descaso dos poderes públicos diversas entidades, movimentos sociais e pessoas de bem articulam em toda a cidade campanhas de agasalho para generosamente ajudar aqueles que mais sofrem com o frio. 

Na universidade PUC-Rio, os estudantes organizaram uma campanha através do Hip-Hop. Pedro Nascimento, rapper e aluno de comunicação social, organizou uma batalha de MC’s com o intuito de arrecadar agasalhos para distribuir pelas ruas da cidade nos finais de semana. 

“Após o sucesso das batalhas na PUC, o centro acadêmico pediu para que fizéssemos uma edição dentro do espaço do CA, ai fiquei pensando em qual temática eu iria usar, até que chegou  esse frio absurdo que agente tá passando. No começo de junho, ouvi falar que tinha morrido um morador de rua em são Paulo. Aí me veio a ideia de usar a função social que o hip hop tem. Reuni a galera do coletivo de Hip Hop da PUC fiz a proposta em unir o útil ao agradável para fazer uma campanha do agasalho. Falei para a galera que é uma oportunidade de estar ajudando, de estar ajudando e fazendo o que agente ama”,relatou Pedro para esta coluna.

O objetivo das inúmeras “Campanha do Agasalho” é coletar o maior número possível de roupas, calçados, agasalhos e cobertas para suprir as necessidades de famílias e pessoas carentes que estão nas ruas. Assim, nessas épocas do frio, a solidariedade e a preocupação com o outro permite diminuir o sofrimento daqueles que não tem como se aquecer.

Aqueça-os ajudando na campanha do agasalho, e faça o bem! Procure alguma campanha pela internet ou pelas associações do movimento social, igrejas e demais pessoas engajadas nesta causa e faça da sua vida ajudando os que mais precisam de você?

Image taken from: http://www.indialivetoday.com/brazil-violence-gang-rape-protest/6225.html/rally-against-the-rape-of-brazilian-teenager-11