Um Novo Tempo

Planos para 2017 focam na reavaliação de recursos

Quando o Brasil viu um milagre econômico a partir de 2004, quando dezenas de milhões de pessoas até então membros das classes mais baixas - E e F - conseguiram subir de vida, em parte por causa de programas sociais que aumentaram a renda das famílias mais necessitadas, muito dinheiro começou a verter para as comunidades, seja através de ONGs, seja por iniciativas das próprias áreas. Mas desde que o Estado brasileiro faliu, em 2014, sumiram os reais que vitaminaram a cultura, a educação e o esporte das favelas.

Com a ajuda do governo e da iniciativa privada, que viveu um "boom" de sucesso econômico por uma década, as regiões mais pobres das cidades viram a solidariedade de entidades organizadas e de indivíduos do bem brotarem por todos os lados. Aulas de inglês gratuitas, cursos de computação sem custo, dança, teatro, música, costura, ecologia, gastronomia são apenas algumas das áreas que passaram a florescer com os amplos recursos que passaram a ser disponibilizados.

Uma geração de jovens aptos ao trabalho com computação, fluentes em inglês e outras especializações enriqueceram o mercado laboral e tirou muitos da pobreza. As melhorias trazidas para as favelas por esses programas sociais serão sentidos por muitos anos, pois conhecimento é bem durável e valioso. Contudo, desde que as crises econômica e política se instalaram no País, a partir da reeleição de Dilma Rousseff, portas começaram a ser fechadas e praticamente todos os cursos viram seu fim forçado pela falta de condições de sustentá-los sem a ajuda governamental e do mercado privado. 

A solução tem sido apelar para o exterior. Vaquinhas online começaram a surgir, usando apenas o idioma inglês, voltadas especialmente aos estrangeiros, que não estão em situação tão emergencial quanto os brasileiros contemporâneos. Programas sociais vêm criando perfis explicativos de suas atividades e pedindo auxílio de pessoas de outros países. Os canadenses, australianos e franceses parecem ser os maiores doadores até agora, seguidos pelos holandeses e suíços. Americanos e japoneses ainda aparecem em seguida, com os chineses na sequência. 

"É um solo fértil para ser explorado", explica Fátima Regina Andrews, que ensina inglês e computação em uma escola ambulante, feita sob uma tenda de lona onde cabem 30 alunos. Ela vai reabrir sua escolinha depois de dois meses de campanha virtual para arrecadar 3 mil dólares necessários para sua continuação.

O mesmo foi feito por Jerônimo Cabral, que lidera um grupo de voluntários que ajudam senhores e senhoras de idade que não têm parentes para levá-los ao médico, limpar a casa e fazer compras do cotidiano. Seu serviço teve que parar em agosto de 2015, mas conseguiu se reerguer depois que uma vaquinha online arrecadou 2 mil dólares.

A enfermeira Clara Sinhosa costumava ajudar gratuitamente com a troca de curativos e fisioterapia de moradores de rua com problemas desse tipo, mas o pequeno salário não lhe permitiu mais gastar com as bandagens e passagens para chegar até os necessitados. Ela precisava de meros 500 reais para cobrir as despesas de um mês. Uma amiga não conseguiu lhe convencer da efetividade de se fazer uma busca de doações pela internet, então resolveu abrir o perfil pedindo ajuda sem o conhecimento da amiga enfermeira samaritana. Assim que conseguiu o valor estipulado, anunciou o êxito para a estupefata colega, que já retomou suas atividades filantrópicas.

A tendência da situação do Brasil é piorar. Além disso, depois de 3 governos de esquerda e muita ação social, muitos programas de caridade sendo abastecidos com fundos do orçamento, a expectativa é que, pelos próximos dez anos a política vai tender mais para a direita e, portanto, as iniciativas sociais irão sofrer com a falta de apoio do Estado. Portanto, juntando-se à falta de dinheiro extra no bolso do brasileiro, por causa da crise, as vaquinhas online e os gringos são uma possível saída.

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